tag:blogger.com,1999:blog-54213889902626623272024-03-05T05:38:06.043-03:00.Fugax.Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.comBlogger56125tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-42932958862314439302011-12-26T01:00:00.001-02:002011-12-26T01:00:50.779-02:00Fériascogito ergo sumoAmanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-68248523004703595282011-03-23T23:14:00.004-03:002011-03-23T23:54:26.098-03:00que a dor não falte<br />que o trabalho não sirva<br />que o sexo não baste<br /><br /><br />por favor,<br /><br />para que eu viva de arteAmanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-32681536386182751822011-03-12T15:45:00.003-03:002011-03-12T15:47:12.777-03:00quando o próximo poema?<br />quando o próximo passo?<br /><br />ainda não <br />ainda não<br /><br />abra pro tempo<br />mais um pouco de espaçoAmanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-57689528617431522712010-09-09T01:16:00.001-03:002010-09-09T01:16:32.499-03:00escrevo poesia no tempo que dá<div>entre uma mordida</div><div>e um gole de chá</div>Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-4453469262383353442010-08-14T13:04:00.017-03:002010-08-22T18:59:44.563-03:00<span style="color: rgb(0, 0, 0);">..................................... </span>alvorada<br /><div style="text-align: center;"><div style="text-align: left;"> <span style="color: rgb(0, 0, 0);">....................................................................................................</span> dia<br /><span style="color: rgb(0, 0, 0);">.................................................................</span> noite<br /> <span style="color: rgb(51, 0, 51);"><span style="color: rgb(0, 0, 0);">.,.......................................................................................................</span> </span>madrugada<br /></div><br /><br />tudo se repete<br />e a vida segue<br /><br />desenfrada</div>Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-55618727612757692582010-07-21T22:39:00.002-03:002010-07-21T22:57:28.812-03:00Diálogo- É verdade que você fala japonês?<div>- Falo, mas só um pouquinho. Preciso estudar mais.</div><div>- E como se diz "amor"?</div><div>- "Ai".</div><div>- Mas não é assim em todas as línguas?</div>Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-62777617875537359172010-07-06T20:30:00.005-03:002010-07-06T22:49:43.686-03:00Fridacalo no sapato<br />acadêmico<br /><br />Frida<br />Kahlo-me.<div><div><script type="text/javascript"></div><div><br /></div><div> var _gaq = _gaq || [];</div><div> _gaq.push(['_setAccount', 'UA-17325712-1']);</div><div> _gaq.push(['_trackPageview']);</div><div><br /></div><div> (function() {</div><div> var ga = document.createElement('script'); ga.type = 'text/javascript'; ga.async = true;</div><div> ga.src = ('https:' == document.location.protocol ? 'https://ssl' : 'http://www') + '.google-analytics.com/ga.js';</div><div> var s = document.getElementsByTagName('script')[0]; s.parentNode.insertBefore(ga, s);</div><div> })();</div><div><br /></div><div></script></div></div>Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-4400322380117379672010-06-17T03:12:00.003-03:002010-07-06T22:51:03.783-03:00de todas as saudades que me doem<br />a mais cruel<br />eu nem sei de onde vem.<div><div><script type="text/javascript"></div><div><br /></div><div> var _gaq = _gaq || [];</div><div> _gaq.push(['_setAccount', 'UA-17325712-1']);</div><div> _gaq.push(['_trackPageview']);</div><div><br /></div><div> (function() {</div><div> var ga = document.createElement('script'); ga.type = 'text/javascript'; ga.async = true;</div><div> ga.src = ('https:' == document.location.protocol ? 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'https://ssl' : 'http://www') + '.google-analytics.com/ga.js';</div><div> var s = document.getElementsByTagName('script')[0]; s.parentNode.insertBefore(ga, s);</div><div> })();</div><div><br /></div><div></script></div></div>Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-83320409837783797202010-05-06T22:35:00.004-03:002010-07-06T22:51:18.786-03:00Crônica de fim de primavera<p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><i>Desde o início, pra Jui, mo chara.</i></p><p class="MsoNormal">Ei, só tô te escrevendo pra dizer que estou feliz. Pra você não ficar preocupada como ficou aquele dia. É que a gente acha demais que ficar até tarde de noite no computador trablhando não faz mal, que no dia seguinte vai estar tudo bem. É que a gente pensa demais que pode viver como se não fosse com a gente, como se não tivesse nada a ver com isso. E continuaria pensando que viver assim também pode ser felicidade, se não existissem esses dias de fim de primavera. Esses em que a gente vive como se fosse assunto nosso. Esses em que a gente não vai à aula ou ao trabalho para fazer teatro, e vê mais cedo a luz do dia que aparece pela primeira vez em algumas semanas. Aí a gente entende que existe plenitude, e se sente o super homem do Nietzsche em alegria. Se permite correr na rua quanto e como quer, e entrar até nas lojas que não têm nada a ver, e de repente se vê no alto do arco do viaduto de Sta. Tereza, em plena luz do dia, e se acha dono do mundo. </p> <p class="MsoNormal">Hoje eu iria a pé do Floresta até Nova Lima, e já fiz metade do caminho. É que me sinto vontade de Schopenhauer e todo mundo é igual a mim. Hoje realizo a vontade toda e ela se desfaz, e o mundo todo é radiante como eu. </p> <p class="MsoNormal">Não tenho coragem de ouvir minhas músicas e ligo o rádio, quero cantar e só na minha língua. Até os cafés que tanto amo para escrever me parecem repugnantes com sua luz baixa e cheiro de gente que não descansa. Hoje quero receber luz e achar que crio vento quando corro e meus cabelos parecem rir.</p><p class="MsoNormal">Quero também alguém com quem eu possa compartilhar tudo isso, mas não tem...</p> <p class="MsoNormal">Todos meus amigos estão longe: pro norte, pro sul, pra dentro. Dentro de si ou de preocupações... mas tudo bem. Hoje posso reinventar vocês<span style="mso-spacerun:yes"> </span>todos e compartilhamos do mesmo desvario, entre nós não há mais espaço que num abraço. </p> <p class="MsoNormal">Amo vocês, e lembrem-se sempre que amo vocês como só é possível em dias como esse. Mesmo nos outros dias, mesmo quando e se voltar a achar que se pode viver de outro jeito.</p> <p class="MsoNormal">sejam felizes também, queridos.</p><p class="MsoNormal"></p><p class="MsoNormal"><script type="text/javascript"></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"> var _gaq = _gaq || [];</p><p class="MsoNormal"> _gaq.push(['_setAccount', 'UA-17325712-1']);</p><p class="MsoNormal"> _gaq.push(['_trackPageview']);</p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"> (function() {</p><p class="MsoNormal"> var ga = document.createElement('script'); ga.type = 'text/javascript'; ga.async = true;</p><p class="MsoNormal"> ga.src = ('https:' == document.location.protocol ? 'https://ssl' : 'http://www') + '.google-analytics.com/ga.js';</p><p class="MsoNormal"> var s = document.getElementsByTagName('script')[0]; s.parentNode.insertBefore(ga, s);</p><p class="MsoNormal"> })();</p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"></script></p><p></p>Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-81584392349192022522010-04-10T15:17:00.010-03:002011-02-25T00:48:06.987-03:00[in:] Finito<span></span><i><span class="Apple-style-span"><div><i><span class="Apple-style-span">
<br /></span></i></div><span class="Apple-style-span" >Primeira de uma série de transcriações de poesias italianas trazidas para o contexto belo-horizontino. </span></span></i><div><i><span class="Apple-style-span"></span></i><span class="Apple-style-span"><i>
<br /></i></span><p class="MsoNormalCxSpFirst" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt; mso-add-space:auto;line-height:normal"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 20px; ">Sempre caro me foi este simples arco</span></span></p><span class="Apple-style-span"><div><span class="Apple-style-span">e não estes prédios, que de tanto céu</span></div><div><span class="Apple-style-span">e da última serra a visão bloqueiam.</span></div><div><span class="Apple-style-span">Mas sentada enquadrando as paisagens</span></div><div><span class="Apple-style-span">que escapam deles, e além-homens</span></div><div><span class="Apple-style-span">silêncios, e profundíssima paz</span></div><div><span class="Apple-style-span">eu tento inventar, mas logo</span></div><div><span class="Apple-style-span">o coração meu se descompassa. E como o trem</span></div><div><span class="Apple-style-span">ouço rugir sob este viaduto, eu aquele</span></div><div><span class="Apple-style-span">impossível silêncio a esta fúria</span></div><div><span class="Apple-style-span">vou comparando: e me foge o eterno,</span></div><div><span class="Apple-style-span">e os quietos tempos, e o presente</span></div><div><span class="Apple-style-span">fica, e o desespero dele. Assim entre</span></div><div><span class="Apple-style-span">esta agitação se perde o pensar meu:</span></div><div><span class="Apple-style-span">e o naufragar me seria doce sob estes trilhos.</span></div><div>
<br /></div><div style="font-family: 'lucida grande'; ">
<br /></div><div style="text-align: left;font-family: 'lucida grande'; ">
<br /></div><div style="font-family: 'lucida grande'; "><blockquote style="line-height: 1.3em; margin-top: 1em; margin-right: 20px; margin-bottom: 1em; margin-left: 20px; "></blockquote><i><div style="text-align: left;"><i><span class="Apple-style-span" style=" ;font-family:'lucida grande';font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 255, 255); "><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> <span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span></span>Infinito </span></span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span class="Apple-style-span" style=" ;font-family:'lucida grande';font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 255, 255); ">Sempre caro mi fu quest'ermo colle,</span></span></i></div><div style="text-align: left; "><i><span class="Apple-style-span" style=" ;font-family:'lucida grande';font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 255, 255); "><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal; "><i>e questa siepe, che da tanta parte</i></span></span></span></i></div><div style="text-align: left; "><i><span class="Apple-style-span" style=" ;font-family:'lucida grande';font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 255, 255); "><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal; "><i><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal; "><i>dell'ultimo orizzonte il guardo esclude</i></span></i></span></span></span></i></div></i></div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(204, 204, 204); line-height: 20px; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; "><span class="Apple-style-span" style=" ;font-family:'lucida grande';"><div style="text-align: left; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 255, 255); "><i>Ma sedendo e mirando, interminati</i></span></div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 255, 255); "><div style="text-align: left; "><i>spazi di là da quella, e sovrumani</i></div><div style="text-align: left; "><i>silenzi, e profondissima quïete</i></div><div style="text-align: left; "><i>io nel pensier mi fingo, ove per poco</i></div><div style="text-align: left; "><i>il cor non si spaura. E come il vento</i></div><div style="text-align: left; "><i>odo stormir tra queste piante, io quello</i></div><div style="text-align: left; "><i>infinito silenzio a questa voce</i></div><div style="text-align: left; "><i>vo comparando: e mi sovvien l'eterno,</i></div><div style="text-align: left; "><i>e le morte stagioni, e la presente</i></div><div style="text-align: left; "><i>e viva, e il suon di lei. Così tra questa</i></div><div style="text-align: left; "><i>immensità s'annega il pensier mio:</i></div><div style="text-align: left; "><i>e il naufragar m'è dolce in questo mare</i></div><div style="text-align: left; "><i>
<br /></i></div><div style="text-align: right;"><i>Giacomo Leopardi</i></div></span></span></span></span><p></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom: .0001pt;mso-add-space:auto;text-align:right;line-height:normal"><span lang="IT" style="Perpetua","serif";mso-ansi-language:ITfont-family:";">
<br /></span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left;margin-bottom: 0.0001pt; line-height: normal; "><span lang="IT" style="Perpetua","serif";mso-ansi-language:ITfont-family:";">porque ele se mataria pulando do arco do viaduto de Sta. Tereza se morasse na BH do século XXI, certeza.</span></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left;margin-bottom: 0.0001pt; line-height: normal; "><span lang="IT" style="Perpetua","serif";mso-ansi-language:ITfont-family:";"></span></p><span lang="IT" style="Perpetua","serif";mso-ansi-language:ITfont-family:";"><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left; margin-bottom: 0.0001pt; "><script type="text/javascript"></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left; margin-bottom: 0.0001pt; "> var _gaq = _gaq || [];</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left; margin-bottom: 0.0001pt; "> _gaq.push(['_setAccount', 'UA-17325712-1']);</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left; margin-bottom: 0.0001pt; "> _gaq.push(['_trackPageview']);</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left; margin-bottom: 0.0001pt; "> (function() {</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left; margin-bottom: 0.0001pt; "> var ga = document.createElement('script'); ga.type = 'text/javascript'; ga.async = true;</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left; margin-bottom: 0.0001pt; "> ga.src = ('https:' == document.location.protocol ? 'https://ssl' : 'http://www') + '.google-analytics.com/ga.js';</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left; margin-bottom: 0.0001pt; "> var s = document.getElementsByTagName('script')[0]; s.parentNode.insertBefore(ga, s);</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left; margin-bottom: 0.0001pt; "> })();</p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p><p class="MsoNormalCxSpMiddle" align="right" style="text-align: left; margin-bottom: 0.0001pt; "></script></p></span><p></p></div>Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-34508393298062543752010-03-25T22:06:00.004-03:002010-07-06T22:51:30.804-03:00vida à toaum verso de dia<br />de noite uma melodia<div><div><script type="text/javascript"></div><div><br /></div><div> var _gaq = _gaq || [];</div><div> _gaq.push(['_setAccount', 'UA-17325712-1']);</div><div> _gaq.push(['_trackPageview']);</div><div><br /></div><div> (function() {</div><div> var ga = document.createElement('script'); ga.type = 'text/javascript'; ga.async = true;</div><div> ga.src = ('https:' == document.location.protocol ? 'https://ssl' : 'http://www') + '.google-analytics.com/ga.js';</div><div> var s = document.getElementsByTagName('script')[0]; s.parentNode.insertBefore(ga, s);</div><div> })();</div><div><br /></div><div></script></div></div>Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-28103799564160657692010-02-25T17:32:00.006-03:002010-11-14T19:19:10.704-02:00Caio Fernando Abreu<span style="font-size: 85%;">Esta é a primeira versão de uma biografia curtinha que fiz para a revista Carpe Diem no ano passado. Apesar de ter publicado outra versão, prefiro est<span style="font-style: italic;"><span style="font-style: italic;"></span></span>a, que posto hoje, dia em que se completam 14 anos de sua morte.</span><span style="font-style: italic;"><span style="font-style: italic;"><br /></span><br />Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe?</span> Sua vida passou. Mas as palavras de Caio Fernando Abreu, depois desses meses todos, que agora já viraram mais de década - não passaram. E não vão, ora sutis, ora pesadas, mas tão belas que sabem ser.<br /><br /> Caio nasceu em 1948 no interior do RS e se mudou, jovem, para Porto Alegre, onde cursou Letras e Artes Cênicas, sem concluir nenhuma delas, p<span style="font-style: italic;">referia passar pelas coisas como num vôo, num mergulho sem método, mas nem por isso menos alto e profundo.</span>¹ Foram estas, no entanto, as duas direções que tomou na vida. Trabalhou como jornalista algumas vezes, mas não gostava da pressão nem da rotina e, quando pôde, viveu apenas de seus contos (publicados sempre em coletâneas que seguiam um fluxo temático) e romances de ficção. Quanto ao teatro, que amava, escreveu poucas peças, mas sua obra literária, por si só muito teatral, foi inspiração para muitas.<br /><br /> <span style="font-style: italic;">Sim, existir é incompreensível e excitante. As vezes que tentei morrer foi por não poder suportar a maravilha de estar vivo e de ter escolhido ser eu mesmo e fazer aquilo que eu gosto - mesmo que muitos não compreendam ou não aceitem.</span> Assumiu tudo o que fez ou escreveu, encarando as escolhas como escolhas apenas, sem forçar o choque. Inclusive a homossexualidade, que influenciou grande parte de sua literatura (mas não limitou-a, escreveu sobre pessoas, de todos os feitios). <span style="font-style: italic;">Só que homossexualidade não existe, nunca existiu. Existe sexualidade - voltada para um objeto qualquer de desejo. Que pode ou não ter genitália igual, e isso é detalhe. Mas não determina maior ou menor grau de moral ou integridade.</span> Caio F., como é chamado por intelectuais (que às vezes completam o trocadilho, “o primo da Cristiane F.”), chocava, sim, mas por retratar, crua – mas não friamente - aquela geração que, depois da falha da contra-cultura, viu a falência dos seus ideais e sentia-se perdida, fugia através do álcool, das drogas, do sexo.<span style="font-style: italic;"> Colhemos cogumelos pelos montes e sabemos que o mundo não vale a nossa lucidez. </span>E criticava, muito. A mania que as pessoas têm de só colocar a felicidade no fim da vida, depois de terem ganhado dinheiro, e de enclausurarem as escolhas dentro de um padrão, por exemplo. <span style="font-style: italic;">É fácil, magro, tu desdobra numa boa: primeiro procura apartamento, depois trabalho, depois escola, depois, se sobrar tempo, amor.</span> Criticou a ditadura, foi perseguido pelo DOPS e refugiou-se na casa de campo de Hilda Hilst, depois na Europa, passando a maior parte do tempo na França e na Inglaterra.<br /><br /> <span style="font-style: italic;">Meus heróis morreram de overdose, meus inimigos estão no poder</span>. A frase de Cazuza bem poderia estar em um de seus contos: fazia sempre referências e, muitas vezes, reverências às artes. Música e cinema, principalmente. Muitas vezes, era autobiográfico.<span style="font-style: italic;"> Permitia-se apenas esse medo: o de estar sozinho.</span> Teve muitos amigos e amou muito, mas os amores não costumavam dar certo. <span style="font-style: italic;">Teria mesmo chegado ao ponto de dizer nutro? Teria, teria sim, teria dito nutro & relacionamento & rompimento & afeto, teria dito também estima & consideração & mais alto apreço e toda essa merda educada que as pessoas costumam dizer para colorir a indiferença quando o coração ficou inteiramente gelado</span>. Daí, talvez, o seu sofrimento, talvez daí a desilusão, a melancolia que acompanha seus textos. Justamente por isto, talvez, mais tocantes. <span style="font-style: italic;">Uma vez me disseram que eu jamais amaria dum jeito que “desse certo”, caso contrário deixaria de escrever. Pode ser. Pequenas magias.</span> E ele amava, talvez por ter sido virginiano, essas miudezas mágicas. Como os encontros. <span style="font-style: italic;">Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.</span><br /><br /> <span style="font-style: italic;"> Essa ternura bruta que destrói por excesso inábil de amor.</span> Caio disse que amor matava. Era frágil, sensível, mas ao mesmo tempo pungente. Talvez por isso tenha merecido o apelido de “Ney Matogrosso da literatura brasileira". No começo dos anos '90, contraiu AIDS – a doença do amor, e voltou ao Brasil para realizar um de seus sonhos – ser um jardineiro. <span style="font-style: italic;">Amor mata, amor mata, amor mata.</span> Morreu de amor.<br /><br />¹Luiz Arthur Nunes, prefácio ao "Teatro Completo" de Caio Fernando Abreu.<br />Todas as outras citações são de Caio.Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-86023286711584401942010-02-21T18:43:00.006-03:002010-07-06T22:51:46.040-03:00Bahiaquatro paredes e um teto<br />só mais um quarto no mundo<br /><br />durmo na rede ao aberto<br />prefiro ter meu quarto de mundo<div><div><script type="text/javascript"></div><div><br /></div><div> var _gaq = _gaq || [];</div><div> _gaq.push(['_setAccount', 'UA-17325712-1']);</div><div> _gaq.push(['_trackPageview']);</div><div><br /></div><div> (function() {</div><div> var ga = document.createElement('script'); ga.type = 'text/javascript'; ga.async = true;</div><div> ga.src = ('https:' == document.location.protocol ? 'https://ssl' : 'http://www') + '.google-analytics.com/ga.js';</div><div> var s = document.getElementsByTagName('script')[0]; s.parentNode.insertBefore(ga, s);</div><div> })();</div><div><br /></div><div></script></div></div>Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-35042724179384882252010-02-17T03:32:00.004-02:002010-07-06T22:51:50.171-03:00um dia volto a fazer teatro.<br />um dia faço circo.<br />sapateado.<br />balé moderno.<br />um dia vou ser feliz.<br /><br />mas ainda não,<br />que não há tempo.<div><div><script type="text/javascript"></div><div><br /></div><div> var _gaq = _gaq || [];</div><div> _gaq.push(['_setAccount', 'UA-17325712-1']);</div><div> _gaq.push(['_trackPageview']);</div><div><br /></div><div> (function() {</div><div> var ga = document.createElement('script'); ga.type = 'text/javascript'; ga.async = true;</div><div> ga.src = ('https:' == document.location.protocol ? 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'https://ssl' : 'http://www') + '.google-analytics.com/ga.js';</div><div> var s = document.getElementsByTagName('script')[0]; s.parentNode.insertBefore(ga, s);</div><div> })();</div><div><br /></div><div></script></div></div>Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-17386563877652526482010-01-11T00:59:00.003-02:002011-02-25T00:33:17.534-03:00<div><i>Dessas coisas que a gente tem que escrever pra escola...</i></div><div><br /></div><div><br /></div>Mirou-se no espelho. O seu primeiro olhar, afável, bastava para que sentisse dilacerar, sob a roupa esgarçada de dormir, aquele corpo murcho. Outrora ardentes, seus olhos, assim como seu corpo, estiveram entre os mais cobiçados de Paris. Homens e mulheres procuravam-na e, hábil, vestia para cada um a faceta mais adequada. Ora relutante, ora complacente, aplacava enfim suas angústias ao deixar-lhes cingir com os braços incertos sua cintura desprotegida.<br />Louvava os corpos e ânimos puros, mas sabia que, no fundo, nem mesmo os mais morigerados estavam intactos.<br />Ainda não havia compreendido por que deixara a vida fácil para constituir família - ou talvez lhe faltasse a coragem para admitir: amara de fato aquele homem, nos primeiros instantes. Apenas não se conformava ainda em ter-se fixado naquele sentimento - ela, que se fixava em uma emoção tanto quanto um patinador no mesmo ponto do gelo! Durante toda a vida fora abelha, que se nutria de efímero pólen, muitas flores por dia. Duas vezes se fixara: uma, naquele amor; outra, neste amargo arrependimento.<br />Cansou-se, enfim. Quis liberar-se daquele enfado, voar novamente de experiência em experiência; mas deixara-se perder as asas. Abriu as janelas, nem pensou, só restava uma liberdade.Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-61881564023886037062009-11-22T21:11:00.004-02:002010-07-06T22:53:00.666-03:00amor impossívelMeu amor é negro,<div>trabalha com telemarketing</div><div>e quer mesmo é ser feliz.</div><div><br /></div><div>nunca vai ser o suficiente -</div><div>é o que minha mãe diz.</div><div><div><script type="text/javascript"></div><div><br /></div><div> var _gaq = _gaq || [];</div><div> _gaq.push(['_setAccount', 'UA-17325712-1']);</div><div> _gaq.push(['_trackPageview']);</div><div><br /></div><div> (function() {</div><div> var ga = document.createElement('script'); ga.type = 'text/javascript'; ga.async = true;</div><div> ga.src = ('https:' == document.location.protocol ? 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<br />
<br /></span><div style="text-align: left;">amei demais, trabalhei demais
<br />morri muito mais do que devia
<br />bem antes do último cais.
<br /></div><div style="text-align: left;"><div style="text-align: left;"><script type="text/javascript"></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"> var _gaq = _gaq || [];</div><div style="text-align: left;"> _gaq.push(['_setAccount', 'UA-17325712-1']);</div><div style="text-align: left;"> _gaq.push(['_trackPageview']);</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"> (function() {</div><div style="text-align: left;"> var ga = document.createElement('script'); ga.type = 'text/javascript'; ga.async = true;</div><div style="text-align: left;"> ga.src = ('https:' == document.location.protocol ? 'https://ssl' : 'http://www') + '.google-analytics.com/ga.js';</div><div style="text-align: left;"> var s = document.getElementsByTagName('script')[0]; s.parentNode.insertBefore(ga, s);</div><div style="text-align: left;"> })();</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"></script></div><div style="text-align: left;">
<br /></div></div></div>Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-42390589601651881362009-08-01T02:18:00.003-03:002010-07-06T22:53:23.122-03:00onipresençaFui morar no mato<br />pra fugir da civilização<br />Mas a civilização me encontrou:<br />logo pela manhã, um rato<div><br /></div><div><div><script type="text/javascript"></div><div><br /></div><div> var _gaq = _gaq || [];</div><div> _gaq.push(['_setAccount', 'UA-17325712-1']);</div><div> _gaq.push(['_trackPageview']);</div><div><br /></div><div> (function() {</div><div> var ga = document.createElement('script'); ga.type = 'text/javascript'; ga.async = true;</div><div> ga.src = ('https:' == document.location.protocol ? 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Prefiro não te dar mais detalhes, não quero que você tenha uma lembrança tão triste de mim.<br />Você se lembra de quando tinha 7 ou 8 anos, e foi passar um fim de semana na casa da sua tia, no interior? Hoje, com o fim tão próximo, tenho uma visão mais clara da minha vida, e esse é um dos poucos momentos de que me arrependo.<br />Era um sábado, lá pelo final da manhã ou começo da tarde. Fazia frio, mas o céu estava bonito e até as nuvens pareciam radiantes, ou então era tudo felicidade minha porque as férias estavam chegando. Não importa... Nas palavras daquela época, eu diria que sua tia parou o carro do meu lado para mostrar o menino mais ou menos da minha idade com quem eu poderia brincar; você abriu a janela de trás, ficou em pé no banco e colocou a cabeça para fora, com um ar meio pensativo; eu era tímido demais pra falar qualquer coisa e vocês tinham me pegado de surpresa. Nas palavras de hoje, eu diria que fiquei com vergonha de ter sido visto ajudando o meu pai a consertar o poste de iluminação em frente à minha casa, e que me senti sujo e descabelado - como se eu não pudesse ser uma criança no final da manhã [ou começo da tarde] de sábado, pijama, dentes por escovar e brincadeira de fingir que pode consertar o poste. Pela primeira vez na vida, senti que eu deveria ser mais do que aquilo. Deveria ser algo de que você gostasse, e eu me parecia muito bobo pra isso.<br />Você me inquietou, guri, mas me deu esperança infinita com o seu olhar. Ainda não consegui entender exatamente o que ele transmite - algo de amplo, de forte, de plácido; algo de alegre - mas vez ou outra, sem muito esforço, vejo o seu rosto na minha frente, com a mesma intensidade.<br />Me arrependo de não ter falado contigo, Jorge. Sua tia me disse algumas palavras e o seu nome, então arrancou o carro e eu nunca mais te vi.<br />Já me conformei com o fato de ter que partir, e acho que vivi uma vida razoável. Não fiz nada que pudesse ser muito criticado, só uma ou outra escolha equivocada, mas acontece com todo mundo. E é até bom que aconteça, para que possamos aprender.<br />Só que... a minha vida inteira eu carreguei um nó na garganta, Jorge, e só agora que o laço que me prende à vida se afrouxou sobremaneira é que eu conheci as palavras de que esse nó é feito. Desde os 9 anos de idade, Jorge, um nó na garganta. Desde os 9, Jorge.<br />Eu te amo<div><br /></div><div><div><script type="text/javascript"></div><div><br /></div><div> var _gaq = _gaq || [];</div><div> _gaq.push(['_setAccount', 'UA-17325712-1']);</div><div> _gaq.push(['_trackPageview']);</div><div><br /></div><div> (function() {</div><div> var ga = document.createElement('script'); ga.type = 'text/javascript'; ga.async = true;</div><div> ga.src = ('https:' == document.location.protocol ? 'https://ssl' : 'http://www') + '.google-analytics.com/ga.js';</div><div> var s = document.getElementsByTagName('script')[0]; s.parentNode.insertBefore(ga, s);</div><div> })();</div><div><br /></div><div></script></div></div>Amanda Brunohttp://www.blogger.com/profile/08183427735230395761noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5421388990262662327.post-89191045908155913472008-07-14T10:50:00.007-03:002010-07-06T22:53:34.340-03:00Água-vivaEu só quero nadar, nadar, nadar. No começo, polir o corpo com água. Depois, cada vez mais rápida e freneticamente, fazer o suor se confundir com o líquido que me circunda. Até que eu também derreta e me misture ao suor, me misture à água. Até que tudo deixe de existir, pra virar tudo só água. Límpida e fresca água. E depois, que nada mais se misture. Que eu possa escorrer das pessoas e arrastar algumas para o fim, sem me contaminar. E permanecer fresca e límpida.<br />E você também. Te arrastar pra mim, me escorrer por você e fazer amor-água: que derrete, mistura e confunde pra sempre. Amor-água, seres-água, gozo-água: tudo com uma lentidão de força arrebatadora; vai-e-vem interminável regido só pelo vento e pela lua, e por mais nada. Tudo fresco, tudo límpido, tudo profundo. E os mistérios das profundezas, só nossos. Só água.<div><br /></div><div><div><script type="text/javascript"></div><div><br /></div><div> var _gaq = _gaq || [];</div><div> _gaq.push(['_setAccount', 'UA-17325712-1']);</div><div> _gaq.push(['_trackPageview']);</div><div><br /></div><div> (function() {</div><div> var ga = document.createElement('script'); ga.type = 'text/javascript'; ga.async = true;</div><div> ga.src = ('https:' == document.location.protocol ? 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