segunda-feira, 14 de julho de 2008

Água-viva

Eu só quero nadar, nadar, nadar. No começo, polir o corpo com água. Depois, cada vez mais rápida e freneticamente, fazer o suor se confundir com o líquido que me circunda. Até que eu também derreta e me misture ao suor, me misture à água. Até que tudo deixe de existir, pra virar tudo só água. Límpida e fresca água. E depois, que nada mais se misture. Que eu possa escorrer das pessoas e arrastar algumas para o fim, sem me contaminar. E permanecer fresca e límpida.
E você também. Te arrastar pra mim, me escorrer por você e fazer amor-água: que derrete, mistura e confunde pra sempre. Amor-água, seres-água, gozo-água: tudo com uma lentidão de força arrebatadora; vai-e-vem interminável regido só pelo vento e pela lua, e por mais nada. Tudo fresco, tudo límpido, tudo profundo. E os mistérios das profundezas, só nossos. Só água.