sábado, 10 de abril de 2010

[in:] Finito


Primeira de uma série de transcriações de poesias italianas trazidas para o contexto belo-horizontino.

Sempre caro me foi este simples arco

e não estes prédios, que de tanto céu
e da última serra a visão bloqueiam.
Mas sentada enquadrando as paisagens
que escapam deles, e além-homens
silêncios, e profundíssima paz
eu tento inventar, mas logo
o coração meu se descompassa. E como o trem
ouço rugir sob este viaduto, eu aquele
impossível silêncio a esta fúria
vou comparando: e me foge o eterno,
e os quietos tempos, e o presente
fica, e o desespero dele. Assim entre
esta agitação se perde o pensar meu:
e o naufragar me seria doce sob estes trilhos.



Infinito
Sempre caro mi fu quest'ermo colle,
e questa siepe, che da tanta parte
dell'ultimo orizzonte il guardo esclude
Ma sedendo e mirando, interminati
spazi di là da quella, e sovrumani
silenzi, e profondissima quïete
io nel pensier mi fingo, ove per poco
il cor non si spaura. E come il vento
odo stormir tra queste piante, io quello
infinito silenzio a questa voce
vo comparando: e mi sovvien l'eterno,
e le morte stagioni, e la presente
e viva, e il suon di lei. Così tra questa
immensità s'annega il pensier mio:
e il naufragar m'è dolce in questo mare

Giacomo Leopardi


porque ele se mataria pulando do arco do viaduto de Sta. Tereza se morasse na BH do século XXI, certeza.